Dona da famosa frase "Compre menos, escolha bem e faça durar", Vivienne Westwood revolucionou ao popularizar a estética punk no mundo da moda e trazer o tom provocativo para suas criações. Para além de estilista, a britânica era ativista ambiental e usava a moda e sua posição como meio para questionar o senso comum e fazer consumidores e admiradores da Moda pensarem além da roupa.
Vivienne Westwood, ao centro inferior, com algumas de suas criações, incluindo o icônico
vestido de noiva que Sarah Jessica-Parker usou em Sex and the city
Antes de se tornar a dama da moda, Vivienne foi professora de escola primária e duraante essa época se casou com Derek Westwood, de quem mesmo após a separação manteve o sobrenome com o qual fez história. Em meados dos anos 60, após o divórico, ela conheceu e se apaixonou por Malcolm McLaren - antigo produtor da banda Sex Pistols, a qual seria a responsável por tornar popular suas primeiras roupas.
Com McLaren, Westwood abriu sua a primeira loja em Londres, a Let it Rock, que teve diversos nomes e estéticas durante sua existência, mas os mais populares foi a renomeação para SEX em 1974, quando seguiam uma mistura de estilo punk e fetichismo nas suas peças, o que envolvia o uso de couro, estampa xadrez, borracha eadornos metálicos como spikes e joaninhas.
À esquerda: Vivienne Westwood na época da sua primeira loja.
Em 1981, a estilista e seu sócio lançam uma coleção Pirates que trazia inspiração na era vitoriana e piratas do século XVIII, tendo assim muitos babados, camisas de mangas bufantes, estampas como o listrado e sobreposições. Nesse mesmo ano Vivienne se separa de McLaren, mas mantém a parceria nos negócios por alguns poucos anos.
Sua nova empreitada, agora solo e levanado seu nome, começa em 1985 com uma coleção que traz uma estética mais feminina e estruturada repaginando peças como crinolinas e espartilhos. A reinvenção do corset feita pela designer faz com que uma roupa considerada intima passe a ser usada em situações casual e festa. Essa peça passa a ser uma de suas assinaturas aparecendo em todas a coleções a partir de então e a tornando referência para quem cria essa roupa.
Westwood no fechamento de um de seus desfiles
A partir dos anos 2000, causas ambientais e aquecimento global se tornam pautas intrisicamente importantes para Westwood, chegando ao ponto dela afirmar que "A mudança climática, não a moda, é agora a minha prioridade". A designer viu em suas coleções um meio para protestar e conscientizar sobre os problemas do mundo, com isso suas peças ganham estampas de frases como "Climate Revolution" (revolução do clima) e "Buy Less" (compre menos) e os programas de seus desfiles trazem dados de conscientização.
Ela passa a desenvolver coleções e peças em prol de causas como a “Ethical Fashion Africa Collection” que utilizava materiais considerados lixo, como chinelos e sacolas de plástico, para fazer bolsas e se buscou empregar pessoas em situação de necessidade do Quênia para dar-lhes uma remuneração e condições de trabalho justas. E a campanha Save the Arctic, na qual Westwood desenvolveu camisetas com estampa exclusiva, as quais tiveram todo seu lucro revertido em prol da campanha do Greenpeace que buscava a conscientização sobre a necessidade de preservação do ártico que estava começando a ser explorado pela indústria petrolífera.
Na década de 90, a criadora entra na sua época conhecida como Anglomania, quando sua estética misturava uma alfaiataria limpa no maior estilo britânico com proporções e estéticas francesas de épocas como a de Maria Antonieta. Em 1993, Westwood se casa com Andreas Kronthaler, um jovem e promissor designer e ex-aluno da estilista, com que começa atrabalhar em sua marca. Logo os dois dividem a direção criativa da Vivienne Westwood e seguiram juntos assim até os dias de hoje, sempre mantendo a essência da designer, que seguiu participando ativamente da marca e tinha a palavra final nas coleções.
Vivienne Westwood em um des seus desfiles
Vivienne Westwood faleceu em dezembro de 2022, nos deixando um legado de roupas, estilo e força para encarar um mundo tão predominantemente masculino como o nosso e o da moda. Sua resistência e criação ainda hão de inspirar muitas gerações que estão por vir.
Para conhecer mais
WESTWOOD, Vivienne; KELLY, Ian. Vivienne Westwood. Anfiteatro. 2016.
Westwood: Punk, icone, ativista. Documentário. 2018.
Tedx Observer - Vivienne Westwood. 2011.
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