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Pessoas que inspiram: Simone de Beauvoir

Atualizado: 20 de jan. de 2022


Talvez você já a conheça pela sua famosa frase: "Não se nasce mulher, torna-se mulher". Uma das percursoras da segunda onda do feminismo, Simone de Beauvoir pode ser definida em muitas palavras: mulher. francesa. escritora. filósofa. ativista. feminista. entre outras tantas. Nascida em 9 de janeiro de 1908, em Paris, cresceu dentro de uma família tradicional e instruída dentro dos padrões da época, sendo ensinada a ser uma boa esposa, dona de casa, recebendo educação para ser considerada letrada.


Mas desde criança ela demonstra tamanha paixão pela leitura e desenvoltura nos estudos que na juventude deixa de lado a vida tradicional e inicia a vida acadêmica na faculdade de filosofia em Sorbonne. Durante seus anos de faculdade conhecera pensadores como Maurice Merleau-Ponty, Claude Lévi-Strauss e Jean-Paul Sartre (sendo esse último seu companheiro de vida), dos quais os pensamentos diversas vezes influenciaram seus trabalhos. Juntamente com esses colegas fundaram o jornal "Les Temps Modernes" e disseminaram a filosfia do existencialismo, que consiste em focar o estudo do ser humano e o mundo no existir e não na essência ou um poder fora ou anterior à existência.

Acima: Beauvoir com seu companheiro, o filósofo Jean-Paul Sartre

Durante sua carreira acadêmica, Beauvoir foi professora e teorista, mas ela e seus companheiros de época não ficavam somente nas palavras, eram ativistas nas suas causas. E a partir dos anos 70, após se declarar oficialmente feminista, a filósofa começa a participar de mais protestos relacionados com a causa, como o aborto, igualdade de direitos e em defesa de vítimas de violência e de estupro (como no caso de Djamila Boupacha, sobre o qual Beauvoir escreveu um livro escrito sobre e tu pode saber mais aqui).


Dentro do feminismo, seu papel fundamental é inegável. Segundo Carla Rodrigues (2015) "A primeira grande contribuição da filósofa foi perceber que a mulher tinha sido reduzida, desde o início da modernidade, ao lugar de outro do homem, excluída do conceito supostamente neutro e universal de humano, sob o qual, de direito, estava abrigado apenas o homem". E com isso surgiu uma das obras que é base das teorias feministas até hoje: o livro "O Segundo Sexo", que dividido em duas edições trata, primeiramente, da teoria sobre o papel e a existência da mulher dentro da sociedade e em um segundo a partir de experiências de mulheres vividas pela própria autora e por outras mulheres que lhe enviavam suas vivências por correspondência.

Beauvoir durante sua vida escreveu mais de 20 livros, sendo o mais popular o livro "O Segundo Sexo", citado anteriormente. Mas entre os genêros explorados por ela estavam, também, a ficção (como "Os Mandarins" que inclusive ganhou o prêmio Goncourt, o maior reconhecimento de literatura francês), e a autobiografia - tal qual "Memórias de uma moça bem-comportada".

A autora viveu até seus 78 anos, nunca parando escrever e dissiminar suas ideias. Sua herdeira, Sylvie le Bon de Beauvoir, é a responsável por perpetuar os pensamentos da intelectual nos dias atuais, tendo inclusive lançado uma obra póstuma: "As inseparáveis", que narra de maneira ficticia a juventude de Beauvoir com sua melhor amiga Zazá. Definitivamente, ela foi uma mulher a frente de seu tempo que deixara como legado obras que dialogam com as realidades da sua época e com a atual.


Para conhecer mais:


Entrevista com Simone de Beauvoir (1959, disponível no youtube)


Simone de Beauvoir, l'aventure d'être soi (Documentário, 2021)


Simone de Beauvoir: Uma vida - Kate Kirkpatrick


Memórias de uma moça bem comportada - Simone de Beauvoir


Fontes


JOHANSSON, Izilda. A dimensão ética de Simone de Beauvoir. Revista Cult - Edição especial #10. Janeiro, 2019. Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/simone-de-beauvoir-dimensao-etica/>.

MUSSETT, Shannon M. Simone de Beauvoir. The Oxford Handbook of Phenomenological Psychopathology. Março, 2018. Disponível em: <https://www.oxfordhandbooks.com/view/10.1093/oxfordhb/9780198803157.001.0001/oxfordhb-9780198803157-e-6>

RIBEIRO, Djamila. Iconoclasta de si mesma. Quatro Cinco Um: a revista dos livros. Abril, 2020. Disponível em: <https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/biografia/iconoclasta-de-si-mesma>.

RIBEIRO, Tamires Almeida. Simone de Beauvoir e o movimento feminista: contribuições à Educação. Anais do III Simpósio Gênero e Políticas Públicas. Londrina, PR. Maio, 2014. Disponivel em:<http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/GT6_Tamires%20Almeida%20Ribeiro.pdf>.

RODRIGUES, Carla. Tornar-se mulher, devir feminista. Revista Cult - Edição Especial #10. Novembro, 2015. Disponível em <https://revistacult.uol.com.br/home/beauvoir-tornar-se-mulher-devir-feminista/>.





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